terça-feira, 19 de maio de 2009

Escola é
o lugar onde se faz amigos,
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o essor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de "ilha cercada de gente por todos os lados".
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, e se "amarrar nela"!
Ora, é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz.


O Caminho que se deve seguir na educação

Quando Alice pergunto ao Gato de Ceshire que caminho deveria seguir, recebe como resposta uma outra pergunta. O Gato lhe diz que o caminho a ser seguido dependerá do lugar para onde ela que ir.

Em educação, todos os professores precisam ter clareza sobre o lugar para onde querem ir. Isto significa que é preciso que cada educador se indague sobre o tipo de homem que pretende ajudar a constituir e para o tipo de sociedade que se deseja construir.

No mundo de hoje, numa sociedade cada dia mais voltada para a tecnologia, em processo de mudança acelerado, é preciso refletir sobre se queremos constituir sujeitos ativos, transformadores ou meros sujeitos passivos, receptores de conhecimento.

Por trás de toda teoria há uma visão de sociedade e de homem.

Todo professor precisa, pois ter um norte, um horizonte que o oriente. Quando o professor tem clareza sobre onde quer chegar, encontrará teorias que o ajudem a descobrir o melhor caminho para lá chegar. Se o horizonte da escola é a busca da construção da cidadania, serão procuradas respostas sobre o caminho a seguir com os alunos, em teorias libertadoras, que trilhem os espaços da construção de conhecimentos de forma autônoma e solidária.

Técnicas e métodos significam muito pouco se não se tem um horizonte em vista. É preciso primeiro delinear um projeto político pedagógico que ilumine os caminhos a serem trilhados por professores e alunos.

Cada professor terá que saber onde quer chegar. Sabendo o ponto de chegada fica mais fácil traçar o roteiro da viagem com os alunos.



É culpa do paciente. É claro




- Você sabe, Maria, eu estou desolada. Adoro o Rafael, descobri que ele é o homem da minha vida, e agora o mundo desaba sobre nossa cabeça com esse maldito processo. Estou arrasada e com muito medo de que o meu Rafa vá para a cadeia...
- Espera aí. Eu estou fora do assunto. Por que estão proces­sando o Rafael? O que houve com seu trabalho na farmácia?
- Ah, Maria. Uma loucura causada por pessoas ignorantes.
O Rafael. como você sabe, adora fazer experiências com remé­dios. E não é que, há mais ou menos um mês, misturando certos sais com um xarope, ele acabou inventando um sensacional remédio para provocar rápido emagrecimento. A descoberta é extraordinária e, ainda há poucos dias, fomos comemorar essa invenção que vai levar o Rafa para as primeiras páginas dos jornais do mundo e, certamente, garantir-lhe um prêmio Nobel.E agora, com esses malditos a processarem-no, tudo pode desa­bar .. Estou inconsolada.
Mas, calma. A verdade sempre vence. Explique-me, por que o processo? Os pacientes não emagreceram com o remédio?
Ali, isso é impossível saber. Todos os pacientes, logo após, as primeiras colheradas do remédio, morreram e agora seus familiares querem processar o Rafael. É um absurdo, pois se morreram. como podem saber se o remédio fazia efeito ou não?

- Deus meu! Quantos pacientes usaram o remédio do Rafael?
-Nove, ao todo. Um, ainda ontem, estava em coma. Hoje já deve, como os outros, ter morrido. E não é que seus parentes, estúpidos, querem pôr a culpa no remédio? O Rafa é ótimo, o remédio excelente, os pacientes morreram apenas porque são maus pacientes. Culpa deles, é claro.
Isso também acontece com alguns professores.
Existem os que acreditam que suas aulas são maravilhosas e que somente os "maus" alunos não as aproveitam. Se ficam reprovados. estão certos que tal acontece porque assim o querem ou porque não merecem a aprovação. Esquecem que a aprendi­zagem é uma conquista pessoal. e, o que é fácil para alguns, nem sempre o é para todos. Acham que seus métodos são perfeitos, os alunos são reprovados porque são maus alunos. Também. culpa deles. é claro.


Essa é uma das crônicas do livro Marinheiros e Professores de Celso Antunes. vale a pena conferir, pois o livro é exelente para refletirmos sobre nossa prática. Boa leitura!
Refletindo:

" Crianças são como borboletas ao vento... algumas voam rápido... algumas voam pausadamente... mas todas voam do seu melhor jeito. Cada uma é diferente, cada uma é linda e cada uma é especial."


Para Refletir !

"A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder - alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si, do mundo e que seja capaz de dar - lhe as mãos para construir com ela uma nova historia e uma sociedade melhor."
(Almeida,1987,p.195)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Corrigir Publicamente!


Corrigir publicamente uma pessoa é o primeiro pecado capital da educação. Um educador jamais deveria expor o defeito de uma pessoa, por pior que ele seja, diante dos outros. A exposição pública produz humilhação e traumas complexos difíceis de serem superados. Um educador deve valorizar mais a pessoa que erra do que o erro da pessoa. Os pais ou so professores só devem intervir publicamente quando um jovem ofendeu ou ferir alguém em público. mesmo assim, devem agir com prudência para não colocar mais lenha no calor das tensões. Havia uma adolescente de doze anos,esperta,inteligente,sociável,que estava um pouco obesa. Aparentemente ela não tinha problema com sua obesidade. Era uma boa aluna, participativa e respeita entre seus colegas. Certa vez, sua vida sofreu uma grande guinada. Ela foi mal numa prova. Procurou a professora e questionou sua nota. A professora, que estava irritada por outros motivos, desferiu - lhe um golpe mortal que modificou para sempre a sua vida, chamando - a de "gordinha pouco inteligente" na frente dos colegas. Corrigir alguém publicamente já é grave, humilhar é dramático. Os colegas debocharam da jovem. Ela se sentiu - se diminuída, inferiorizada, e chorou. Viveu uma experiência com alto volume de tensão que foi registrada privilegiadamente no centro da memória de uso contínuo(MUC). Se considerarmos a memória como uma grande cidade, o trauma original produzido pela humilhação da professora foi como uma casa de favela edificado num belo bairro. A jovem leu continuamente o arquivo que continha esse trauma e produziu, milhares de pensamentos e reações emocionais de conteúdo negativo, que foram registrados novamente, expandindo a estrutura do trauma. Deste modo, uma "casa de favela" na memória pode contagiar um arquivo inteiro. Portanto, não é o trauma original que se torna o grande vilão da saúde psíquica, como Freud pensava, mas a realimentação dele. Cada gesto hostil das outras pessoas era relacionado pela adolescente com seu trauma. Com o decorrer do tempo, ela produziu milhares de casas de favelas. Onde havia um belo bairro inconsciente foi se criando um terreno desolado. O adolescente devem se sentir bonitos, mesmo que sejam obesos, portadores de um defeito físico, ou seu corpo não preenche os padrões de beleza transmitidos pela mídia . Beleza está nos olhos de quem vê. Mas, infelizmente, a mídia massacrou os jovens definindo o que é beleza no inconsciente deles. Cada imagem dos modelos capas de revistas, nos comercias e nos programas de TV é registrado na memória, formando matrizes que descriminam quem está fora do padrão. Este processo aprisiona jovens, mesmo os mais saudáveis. Quando estão diante do espelho, o que é que eles observam? Suas qualidades ou seus defeitos? Frequentemente, seus defeitos. A mídia aparentemente tão inofensiva discrimina os jovens da mesma maneira como os negros foram e ainda são discriminados. Gostaria que vocês não se esquecessem de que é através desse processo quem uma rejeição vira um monstro, um educador tenso vira um carrasco, um elevador vira um cubículo sem ar, um vexame público paralisa a inteligência e gera o medo de expor idéias. A adolescente de nossa história começou cada vez mais a obstruir sua memória pela baixa auto - estima e sentimentos de incapacidade. Deixou de tirar boas notas. Cristalizou uma mentira: que não era inteligente. Tve várias crises depressivas. Perdeu o encanto pela vida. Com dezoito anos, tentou o suicídio. Felizmente,não morreu. Procurou tratamento e conseguio superar o trauma. Essa jovem não queria matar a vida. No fundo, como toda pessoa depressiva, ela tinha fome e sede de viver. O que ela queria era destruir sua dramática dor, desespero e sentimento de inferioridade. Chamara a atenção ou apontar em público um erro ou defeito de jovens e adultos pode gerar um trauma inesquecível que os controlará durante toda a vida. Ainda que os jovens os decepcionem, não so humilhem. Ainda que eles mereçam uma grande bronca, procurem chamá - los em particular e corrigi - los. Mas, principalmente, estimulem os jovens a refletir. Quem estimula a reflexão é um artesão da sabedoria.